O ouro-pretano Fernando Davino é o mais novo mestre pela Universidade de Medicina Chinesa de Pequim – BUCM.

Por Ina Karam

Jornal Tribuna Livre

Ano XXI – Edição 1552, Julho de 2016

“Minha mãe foi sempre minha grande incentivadora. Nunca me deixou faltar às aulas e mesmo muito atarefada ela sempre nos mostrava a importância do estudo. Nunca me esqueci dela me contando que quando jovem andava 13km da fazenda até a escola para estudar e que foi privada dos estudos por estar se tornando “mocinha”. Este ano é um ano de números: 10 anos de formado pela cooperação acadêmica IMAM-BUCM, 10 anos de China, 40 anos de idade, 60 anos da Beijing University of Chinese Medicine e 80 anos da minha mãe, que é a quem eu dedico esse diploma, essa vitória. 

Lidar com ser humano é mais delicado e requerer destrezas que a vida me ensinou durante o caminho. Arrisquei sim, porque não sabia o peso a carregar, mas nasci forte, cresci forte e com essa força fui grande o suficiente para aguentar a dor da distância, o descaso de muitos e a maldade de alguns. Aprendi errando, caindo e continuando, mas hoje eu sei caminhar nas trevas e o que me fazia medo ontem, hoje me teme. Nasci forte, cresci forte e vou morrer forte”.

A Medicina Tradicional Chinesa é uma área relativamente jovem no Brasil, inicialmente praticada por asiáticos em tratamento familiares, depois na década de 70, por práticos que trouxeram a técnica da acupuntura da Europa e posteriormente por profissionais da área de saúde.

Fernando Davino Alves, (40) é ouro-pretano, nascido na Santa Casa de Ouro Preto e é o primeiro brasileiro a fazer uma pesquisa clínica dentro da Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Pequim (Beijing University of Chinese Medicine – BUCM).

Esta pesquisa ocorreu em cooperação acadêmica com o Hospital de Acupuntura e Moxabustão da Academia de Ciências Médicas da China. 

Fernando Davino iniciou seus estudos da Medicina Chinesa em 2001, tendo muita dificuldade por falta de profissionais de referencia, material didático confiável e por não saber língua chinesa.

Foi para a China no intuito de sanar estas dificuldades no conhecimento, dominar a língua e seguir de perto a prática clínica.

Dominou a língua chinesa, tornando-se tradutor oficial da Federação Mundial das Sociedades de Acupuntura (World Federation Acupuncture Societies – WFAS) e da Federação Mundial das Sociedades de Medicina Chinesa (World Federation Chinese Medicine Societies – WFCMS). Antes de regressar ao Brasil Davino fez mestrado em acupuntura e com isso, abriu um leque de opções, podendo lecionar, além de clinicar. A formatura ocorreu no dia 28 de junho no campus da universidade de Pequim. Foram maid de 1300 formandos incluindo graduação, mestrado e doutorado. O mestre Fernando Davino Alves conta: “Escutei muito essa frase em minha vida: “SE VOCÊ QUISER SER ALGUEM NA VIDA TEM QUE ESTUDAR!”

Na foto, na parte esquerda inferior está o número 60 estilizado com imagens dos prédios da universidade. A frase diz: “Nós não dizemos adeus”, enfatizando que os formandos são parte desses 60 anos de história e que a Universidade também é parte de suas vidas. “Mesmo longe estaremos sempre conectados”.

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